Sou covarde. Pode me julgar por isso, eu sei que sou. Hoje é sexta, e eu parei pela 5a vez na semana com a tesoura em meu pulso. Eu faço cada vez mais pressão, mas ela não corta. Então a deslizo rapidamente por minha coxa, e o caminho logo é preenchido por uma fina linha vermelha. Eu me corto pra tentar suportar. Corto as coxas pra não cortar os pulsos. E, a cada palavra estúpida a mais que minha família grita na minha cara, faço um corte a mais em mim.
Hoje foram 14.
Ataque de ansiedade, sem motivo algum aparente. Respiração forte, ondas de lágrimas, coração apertado e uma dor física de que algo ruim vai me atingir a qualquer momento. As coisas não vão mais tão ruins, até parecem melhorar um bocado, mas eu fico cada vez pior. O término é uma possibilidade cada vez mais próxima, mais convidativa.
Não consigo mais segurar o choro em horários aleatórios. Não quero mais me esconder no quarto, no banheiro do trabalho ou na touca da blusa, no meio da rua.
Não preciso de abraços, preciso de ajuda. Socorro.
